quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Agora será que isso é verdade mesmo? Os "da vila", "da favela", são os piores, têm menos dignidade que os outros? Ou será que os "do centro", que têm os jornais, as TVs, isto é, que têm "a voz e a vez" não estarão dando a definição negativa e pejorativa para os da periferia? Será que a própria escola, os Meios de Comunicação Social, e até mesmo certas religiões e certos pregadores não estão a serviço dos que têm poder e, para eles se garantirem no poder, não estão tentando dizer para os outros que os das vilas, das periferias não prestam, são menos? Veja você como isso é importante: se você consegue convencer alguém de que ele não presta, vale menos, é ignorante etc., você pode dominar totalmente essa pessoa, pois ela já está dominada "na alma", "na consciência". Ela mesma não vai querer subir, exigir mais, ter os mesmos direitos que outros, pois ela já está convencida de que vale menos! Essa pessoa assim definida e convencida nunca mais vai dar trabalho para as outras pessoas. Ela interiorizou a imagem negativa que fazem dela os que tÊm poder e acabou acreditando na história de que ela, afinal, vale menos mesmo!
Através da linguagem e da comunicação, que também são produções históricas, são transmitidos significados, representações e valores existentes em determinados grupos: é a ideologia do grupo. A reprodução ideológica se manifesta através de representações que a pessoa elabora de si mesma, sobre os homens, a sociedade, a realidade, enfim, sobre tudo aquilo a que implícita ou explícitamente são atribuídos valores: certo-errado, bom-mau, verdadeiro-falso.
A ideologia está presente na superestrutura, que são as instituições políticas, jurídicas, morais. Já no plano pscológico individual, as ideologia se reproduzem em função da história da vida e da inserção específica de cada pessoa.
Essas colocações podem espantar alguém e levá-lo a pensar que não há remédio, que estamos condenados a sermos presas das ideologias. Mas não é assim.
No plano pessoal, o indivíduo pode se tornar consciente ao detectar entre as representações que existem na sociedade ou no plano supertrutural, e as atividades específicas que ele desempenha na produção de sua vida material.
Há uma dominação ideológica que se dá em plano sociológico e ela é detectada pela análise das relações existentes entre classes sociais. A dominação ideológica que se dá no plano individual é detectada na análise das instituições que presquevem os papéis sociais, as funções de cada pessoa, e acabam determinando as relações socias de cada indivíduo.
O processo de conscientização se desencadeia tanto a nível de cosnciência pessoal como a nível de consciência de classe. A consciência de classe é um processo grupal e se manifesta quando indivíduos conscientes de si se percebem sujeitos das mesmas determinações históricas que os tornaram membros de um mesmo grupo. Inseridos nas relações de produção que caracterizam a sociedade num dado momento. Isso pode levar a um processo de conscientização de sim e conscientização social. De outro lado, o indivíduo consciente de si necessariamente tem também consciência de pertencer a uma classe. Mas enquanto indivíduo , esta cosnciência se processa transformando tanto suas ações como a ele mesmo.
Os dois níveis deverão estar interligados. Poderá existir um indivíduo consciente num grupo alienado, mas essa posição é dolorosa e não é sustentável por muito tempo. Cedo ou mais tarde ele precisará se decidir.

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